É tradição em Portugal, com particular enfase no Minho, Douro e Beira Alta, que na noite de 30 de Abril para 1 de Maio, se coloquem à porta ou janelas de casa ramos de giestas amarelas, também conhecidas por “maias”, por florirem em Maio.
Leite de Vasconcelos debruça-se sobre o costume português das Maias como “a mais antiga menção desta festa popular, festa evidentemente naturalística, posto mais ou menos desviada da sua significação primitiva, já pelo próprio Paganismo, já pelo Cristianismo, creio que se acha nestas linhas da Postura da câmara de Lisboa de 1385: «Outro sim estabelecemos que daqui em diante em esta Cidade e em seu termo não se cantem as Janeiras nem Maias, nem outro nenhum mês do ano».
A Maia, chamada, também, "Rainha do Maio", ou "Rosa do Maio", era uma boneca de palha de centeio, em torno da qual havia descantes toda a noite (1.º de Maio); outras vezes, uma menina coroada com flores, que se enfeitava com o vestido branco, jóias, etc., sendo colocada num trono florido, e venerada todo o dia com danças e cantares.
Esta festa, sem dúvida com reminiscências pagãs (celtas-romanas), foi proibida várias vezes (caso de Lisboa foi reconfirmada em 1402, por carta régia de 14 de Agosto que se determinava aos juízes e à câmara que impusessem as maiores penalidades a quem cantasse “Mayas” ou Janeiras, e outras coisas contra a lei de Deus).
No Alto Minho, esta velha tradição mantém-se. Na manhã do 1.º de Maio, as casas das nossas aldeias aparecem todas enfeitadas com raminhos de giesta, relembrando os costumes de coroação (Maio ou Maia). Com o cristianismo deu-se a este velho ritual pagão (rito da fertilidade para uns, novo ciclo da natureza, o triunfo da primavera, o reverdescer das plantas, o começo de um ano agrícola, prognosticando boas colheitas).
O carácter religioso do povo português adoptou como certa a explicação da origem das maias que tem a ver com a vida de Jesus, forma encontrada para afastar as ancestrais origens pagãs:
- Quando a Virgem foi para o Egipto, deixou pelo caminho muitos ramos de giesta para não se enganar na volta;
- Herodes soube que a Sagrada Família, na sua fuga para o Egipto, pernoitaria numa certa aldeia. Para garantir que conseguiria eliminar o Menino, Herodes dispunha-se a mandar matar todas as crianças. Perante a possibilidade de um tão significativo morticínio, foi informado, por um outro "Judas", que tal poderia ser evitado, bastando para isso, que ele próprio colocasse um ramo de giesta florida na casa onde se encontrava a Sagrada Família, constituindo um sinal para que os soldados a procurassem e consumassem o crime... A proposta do "Judas" foi aceite e Herodes tratou de mandar os seus soldados à procura da tal casa. Qual não foi o espanto dos soldados quando, na manhã seguinte, encontraram todas as casas da aldeia com ramos de giesta florida à porta, gorando-se, assim, a possibilidade do Menino Jesus, ser morto.
Daí terá vindo essa tradição de colocar ramos e giestas (ou conjuntamente com outras flores, coroas), nas portas e janelas das casas, na véspera do 1º de Maio.
De registar, ainda, que no Alto Minho este costume se estende aos carros de bois, aos automóveis, aos tractores, etc. Em certas localidades, coloca-se o raminho de giesta porque “o Maio é tolo”! Noutras, os rapazes que estão para casar, metem por baixo das portas das casas das moças "de bom comportamento" (sem disso elas se aperceberem) uma "maia de rosas".
No Norte da Europa há lugares onde se comemora a chegada de Maio onde, outrora, moças em idade de casar eram apresentadas no leilão de Maio.
Maio recebeu o nome do deus Maius que era o deus da Primavera e do crescimento. Para outros vem de Maia, mãe de Mercúrio. As celebrações em honra de Flora, a deusa das flores e da juventude (mãe da Primavera), iniciavam como já referi, o novo ano agrícola e atingiam, na Roma antiga, o seu clímax nos três primeiros dias de Maio.
Por outro lado, a Igreja católica declarou Maio como o mês de Maria, a mãe e rainha. Dos 54 países que celebram o Dia da Mãe, 36 festejam-no em Maio.
Também no Norte da Europa havia a tradição dos rapazes colocarem um arbusto à porta da sua amada como declaração de amor, paralelamente ao costume de serem nesse dia leiloadas as donzelas em idade de “casar”.
Na região de Trás-os-Montes e nas Beiras, as Maias surgem associadas às castanhas, como atesta o provérbio «Quem não come castanhas no 1º de Maio, monta-o o burro». Segundo a tradição, maio é o mês dos burros e o ritual tem como objetivo esconjurar os maus espíritos (o “Maio”, o “Carrapato” ou o “Burro).
É comum ouvir-se dizer que a maia à porta é para não entrar o burro.
Na região da Estremadura, a Maia é uma menina enfeitada com flores que percorre as ruas da povoação com as suas companheiras.
No Alentejo, em especial em Beja, as Maias são meninas vestidas de branco, com uma coroa de flores na cabeça, que se sentam numa cadeira à porta de casa, na esquina de uma rua ou na praça. Entretanto as amigas pedem a quem passa “um tostãozinho para a maia”.
No Algarve é costume colocar à porta de casa os bonecos de palha de centeio vestidos de trapos e enfeitados. Em Lagos a tradição regressa todos os anos, com a eleição da Maia mais bonita da cidade.
No Alto Minho a par com a tradição religiosa, as “maias” adquirem um carater simbólico, mas também estético e de afirmação social. Além da comum giesta pendurada nas portas e janelas há a tradição de elaborar coroas de flores, sendo a giesta o elemento aglutinador da complexa coroa de flores.
Se em tempos mais recuados, havia a tradição da “coroa das maias”, elaborada em giesta e flores da época, engalanada com um laço de fitas de papel colorido que os rapazes colocavam à porta das suas pretendidas como manifestação do seu amor, hoje o costume mantem-se fazendo-se prova da habilidade da dona da casa e da sua capacidade artística perante a comunidade.