Não é por acaso que o Concelho de Caminha é dos mais pobres do Norte de Portugal, registando nos últimos anos um recuo dos indicadores económicos e um saldo demográfico negativo.
No sector primário, a agricultura é de mera subsistência e a pesca reúne cada vez menos embarcações de pesca artesanal. No sector secundário, o tecido empresarial foi-se extinguindo gradualmente com o encerramento de diversas unidades industriais, estando hoje próximo da “estaca zero”.
O sector terciário ressente-se porque o rendimento das famílias é baixo e o desemprego elevado. Tal e qual como a questão da pescadinha de rabo na boca. Se não há agricultura e industria, o comércio e os serviços agonizam. As pessoas vão procurar trabalho fora do Concelho, eventualmente, optam pela emigração.
Se ficamos todos à espera do turismo/produção de eventos, como se diz na gíria, podemos esperar sentados. Há uma imensa maioria de cidadãos do Concelho que não tem competências ou interesses na área turística, mas que também não encontram soluções para os seus problemas de emprego ou de criação de negócio.
Particularmente, o Concelho de Caminha não tem sabido criar condições para cativar investimento privado, que contribua significativamente para o seu desenvolvimento, ao contrário dos Concelhos vizinhos, que tem aproveitado as oportunidades.
E aqui coloca-se a questão fundamental, que ainda não vi equacionada nas estratégias e nas agendas políticas dos nossos autarcas. O Concelho de Caminha não tem uma área adequada à implantação de unidades industriais.
Não é minha intensão, aqui e agora, atirar pedras à gestão autárquica passada ou presente, mas é estrutural capacitar o Concelho com uma zona industrial suficientemente vasta e com uma localização de excelência (encostada à auto-estrada), capaz de dar resposta às necessidades e às demandas dos investidores interessados.
Face ao atraso de desenvolvimento, face aos preocupantes dados demográficos, face ao desemprego elevado, o Concelho de Caminha tem de concentrar todos os esforços nesta via, procurando soluções válidas e realizáveis no curto prazo.
Sem menosprezar o impacto socioeconómico de algumas iniciativas de animação e dinamização do tecido empresarial, levadas a efeito nos últimos anos, temos de reconhecer que não é assim que o Concelho se desenvolve, nem é assim que se cria riqueza de forma sustentada.
É hora de reunir gente capaz, encontrar consensos, discutir coisas sérias e deixar de lado as pequenas incidências da vida partidária e da chicana política, sob pena dos intervenientes ficarem esganiçados e completamente fora de tom.