Ambiente, história, património, opinião, contos, pesca e humor

24
Jul 12

Da autoria do Dr. Paulo Morais, encontrei este texto de opinião sobre a actual e recorrente questão dos fogos florestais. Eu próprio, por diversas vezes, já falei neste e noutros foruns sobre esta questão, mas parece-me que a mui esclarecida visão deste docente universitário, merece uma aturada reflexão.

 

Os incêndios florestais repetem-se em cada Verão, destroem uma das nossas maiores riquezas, ceifam vidas, representam um prejuízo de largos milhões de euros. Os fogos têm origem muitas vezes em ações criminosas de incendiários. Mas a sua principal causa é outra: um não menos criminoso abandono do território, em particular da floresta, por parte do Estado português.

 

A falta de prevenção, a ausência de um programa de manutenção das matas públicas e o abandono dos baldios, transformam o território rural num potencial de combustão que deflagra ao mínimo rastilho. A incúria, o descuido e períodos de calor extremo fazem o resto.

 

Há, no entanto, exceções, florestas onde raramente há incêndios. É o caso do Pinhal de Leiria ou das zonas sob a proteção da Portucel que se destinam à produção de pasta de papel; também não consta que haja problemas nos terrenos detidos por fundos de investimento imobiliário florestal; são ainda escassos os fogos em zonas de produção de cortiça. Os privados gerem estes largos milhares de hectares de floresta apostando mais na precaução e não tanto em meios de combate a incêndios. Já a nível da gestão pública, a incompetência domina. Falta um cadastro florestal, não há prevenção, não se procede à limpeza sistemática das matas. Falta investimento em centrais de biomassa, que poderiam servir, em simultâneo, os propósitos de rentabilidade e de manutenção das florestas.

 

Entretanto, morrem bombeiros. Gastam-se fortunas num combate a incêndios desprovido dos meios necessários, descoordenado e ineficaz. Desperdiçam--se os muitos milhões de euros que seriam gerados diretamente pela atividade florestal. E degrada--se o ecossistema. Só será possível debelar esta série de calamidades com uma efetiva política de prevenção, que deveria envolver as forças armadas e de segurança, bem como os serviços do inútil Ministério da Agricultura. Claro que, em primeira instância, a gestão destes processos competiria aos corpos de bombeiros, cujo desempenho seria avaliado e remunerado em função das áreas que mantivessem livres de incêndios e nunca, como hoje, pelo número de horas de combate. Em vez de andar a pagar fogos, o Estado deveria, pelo contrário, premiar a sua inexistência.

publicado por Brito Ribeiro às 14:45
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02
Jul 12

Terminou mais uma edição da Feira do Livro de Vila Praia de Âncora, a décima quarta, que foi animada por um conjunto de atividades variadas, desde tertúlias, teatro, espetáculos musicais e desfiles de moda.

Não me compete ajuizar sobre estas animações, no que se refere à tipologia, qualidade ou pertinência, apenas me parece algo desgarrado realizar os espetáculos na Praça da Republica, com a Feira a realizar-se noutro local. Digamos que não joga a bota com a perdigota.

Sobre a Feira do Livro propriamente dita, como espaço, momento e oportunidade de aquisição de livros e outras publicações, de esclarecimento, de debate literário informal, foi um fracasso. Tanto em localização, conteúdo, divulgação e calendário, este evento não esteve ao nível de outras edições anteriores, quando a Feira do Livro representava um marco importante na agenda cultural Ancorense.

Compreendia, embora sem concordar, que a Feira do Livro se realizasse na Praça da República, quando o argumento era dar animação ao centro nevrálgico da Vila e captar para esta mostra, o maior número possível de visitantes.


Todos nos recordamos que as primeiras edições foram realizadas no Parque Ramos Pereira e após as obras de requalificação, tudo parecia indicar que a polémica praça junto à estátua do Dr. Ramos Pereira, iria servir, entre outras finalidades, para continuar a acolher a Feira do Livro. Assim não aconteceu, pois esta assentou arrais na Praça da República, e desde há dois anos a esta parte parece ser encarniçada a vontade de a “esconder” no edifício do Centro Cultural.

A conclusão é óbvia, não há público, nem vendas, dois fatores determinantes para aferir o sucesso ou insucesso de um evento desta natureza.

O que me espanta é entidades como a Ancorensis e a Câmara Municipal, com ampla experiencia na organização de eventos, alinharem repetidamente neste erro. Costuma-se dizer que “à primeira qualquer um cai, à segunda só cai quem quer”.

Posto isto, questiono-me sobre a utilidade daquela praça no Parque Ramos Pereira, onde o homenageado (Dr. Luís Inocêncio Ramos Pereira) foi “arrumado” a um canto, onde evoluem bicicletas e carrinhos de aluguer, espaço que em breve se metamorfoseará em esplanada, mas onde a arte e a cultura parecem proibidas de se instalar.

Questiono-me sobre que interesses serve uma Feira do Livro serôdia, com um diminuto leque de oferta livreira, remetida para os corredores do Centro Cultural, sem visitantes, quase abandonada, não fosse a persistência e abnegação do alfarrabista Rafael Capela.

Questiono-me sobre a oportunidade de fazer coincidir o fim-de-semana de encerramento da Feira do Livro, com a abertura da Festa da Sardinha.

Questiono-me sobre o silêncio da Junta de Freguesia, que se limita-se a emprestar o seu nome ao cartaz da organização, sem ter um papel ativo na definição da estrutura do evento, bem como no ordenamento e utilização do seu território.

Faço votos que haja algum bom senso e que sejam retirados das menos valias desta edição que agora termina, os ensinamentos necessários para se regressar aos êxitos das Feiras do Livro de outros tempos.

publicado por Brito Ribeiro às 15:01
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