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16
Set 11

O Vale do Âncora pela fertilidade das suas terras e clima ameno, tem sido ocupado desde tempos imemoriais.

Durante a proto-história, no cimo do monte, com bom domínio da paisagem circundante, entre Âncora e Afife, surge um povoado defendido por um recinto amuralhado. Verdadeira “civilização do granito” utilizam este recurso natural para construir, com blocos toscamente afeiçoados, os limites das áreas residenciais onde se erguem as habitaçõ0es de planta circular.

Este aglomerado populacional ocupado até à romanização, fase de apogeu e declínio do mesmo, suscita grande curiosidade de diversos arqueólogos que, desde os finais do século XIX, o estudam procurando o conhecimento do modus vivendi do que é comummente designado por cultura castreja. Estes habitantes, genericamente designados por calaicos, organizavam-se socialmente com base em laços de sangue. A família seria a célula base da organização social e, alem da residência e da descendência, a família castreja teria também em comum a actividade económica, os direitos de propriedade e de sucessão e o exercício de actividades religiosas.

A união de vários grupos familiares organizados, descendentes do mesmo antepassado comum, constituiria a primeira unidade supra familiar com funções específicas, o castro.

Muito do que conhecemos actualmente deve-se aos escritos de Estrabão que sobre este povo diz: “bebem geralmente cerveja e raramente vinho, o pouco que têm depressa o consomem em banquetes familiares… comem sentados em bancos construídos ao redor dos muros, ocupando os lugares segundo a idade e a dignidade e fazendo circular a comida de mão em mão… utilizam a farinha de bolota para a sua subsistência; vivem dois terços do ano de bolotas, que secam e trituram e depois moem para fazerem pão, que conservam durante muito tempo”.

“Todos os homens vestem de negro, pela maior parte em mantos grosseiros, nos quais eles dormem em suas camas de serragem. E usam vasos encerados, assim como os celtas fazem. Mas as mulheres sempre vão vestidas em longos mantos e becas de cores alegres”.

 

 

 

A estrutura do povoado comporta um conjunto de casas circulares com uma cobertura de formato cónico suportada por um poste implantado ao centro da habitação. Na parte da frente, dois muros avançam, lembrando as tenazes de um caranguejo, delimitando um pátio que poderia ter múltiplas utilizações.

No interior, os pisos são preparados com saibro e argila amassada e a lareira aparece deslocada, visto que o centro da casa é ocupado pelo poste que sustenta o tecto. Encontra-se igualmente, para armazenamento e abastecimento de água, uma fonte ao serviço do agregado familiar. Ainda se verifica a presença de recintos funerários no interior dos núcleos familiares onde se conservam as urnas cinerárias dos antepassados de cada família.

 

 

A proximidade da costa atlântica e da bacia do rio Âncora, torna as actividades agropecuárias viáveis bem como o aproveitamento dos recursos marítimos e fluviais e ainda a exploração mineira. A atestar estes factos, o peso da agricultura de cereais e hortícolas era significativo.

De acordo com Estrabão, as actividades agrícolas eram exercidas pelas mulheres que cultivavam as terras e se encarregavam da recolha de frutos naturais. A actividade pecuária é também extremamente importante pois a carne dos animais domésticos, o leite, outras gorduras e seus derivados, aparecem como base da alimentação e como importante fonte de riqueza e as peles, como meio de intercâmbio, a ser trocadas por cerâmica, sal, instrumentos e adornos, além de utilizados no vestuário, no fabrico das armas e na construção de barcos.

As actividades artesanais eram a moagem, fiação, tecelagem e a fundição e tratamento do metal.

 

Informação retirada do folheto de apresentação do grupo de Âncora, no cortejo das Festas da Senhora da Bonança de 2011.

publicado por Brito Ribeiro às 17:05
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