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29
Nov 24

Foi no dia 16 de agosto de 1913 que no escritório do Dr. Cortez, na rua Mateus Barbosa em Viana do Castelo, foi lavrada a escritura de constituição da "Parceria de Pescarias de Viana" que viria em 1925 a adotar o nome de "Empresa de Pesca de Viana".

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Sede da Empresa de Pesca de Viana

A pesca do bacalhau em Viana do Castelo está indissociavelmente ligada à figura de um grande homem, JOÃO ALVES CERQUEIRA .

Homem de uma visão empresarial fora do comum, quando entrou para a Administração da Empresa de Pesca de Viana, imprimiu uma dinâmica de gestão inovadora e revolucionária para a época.

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João Alves Cerqueira

Com o seu amigo Vasco d'Albuquerque d'Orey, relançou a Empresa de Pesca de Viana nos anos 30, com a construção de três navios em aço nos Estaleiros da CUF, o lugre "Santa Maria Manuela" (1937), e os navios-motor gémeos "Santa Maria Madalena" e "São Ruy" (1939); nos anos 40 com a formação dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo mandou construir dois arrastões, o "Senhor dos Mareantes" e o "Senhora das Candeias" (1948).

Graças a ele a Empresa de Pesca de Viana guindou-se nos anos 50 a um lugar de destaque entre as congéneres do ramo da indústria da pesca do bacalhau, ombreando com a Empresa de Pesca de Aveiro.

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Rio Lima

João Alves Cerqueira era conhecido e respeitado em todo o país, como homem, empresário e humanista. A sua morte em 10 de dezembro de 1966 deixou marcas na Empresa de Pesca de Viana, tendo-se iniciado uma nova fase associada ao novo proprietário António Gonçalves Gomes, o "Samarra".

Breve cronologia da Empresa de Pescas de Viana:

 

16 de agosto de 1913 é constituida a Parceria de Pescas de Viana;

A partir de julho de 1920 a Parceria de Pescas de Viana passa a designar-se Companhia Marítima de Transportes e Pesca;

Em 1921 é constituida a Sociedade de Novas Pescarias de Viana, proprietária do lugre "Gaspar";

Em 1925 a Companhia Marítima de Transportes e Pesca passa a designar-se Empresa de Pesca de Viana (EPV);

Nos anos 30 João Alves Cerqueira entra para a administração da EPV;

Em 1948 inicia-se uma nova era com a construção nos ENVC dos três primeiros arrastões;

A 2 de abril de 1976, a EPV é nacionalizada;

Em 1979 a Direção Geral das Pescas entrega a EPV a um grupo privado;

A 29 de janeiro de 998 é vendido o ultimo navio da EPV, o "Praia de Santa Cruz";

1990, graciosa, faial, praia dancora e senhora do

Doca Comercial - anos 90

 

 

publicado por Brito Ribeiro às 10:39

26
Nov 24

O “Vasco d’Orey”, arrastão clássico, assim como o seu gémeo “Santa Maria Madalena” foram construídos para a Empresa de Pesca de Viana, pelos Estaleiros Navais da mesma cidade. A 1 de Maio de 1961, ocorreu a cerimónia da flutuação do primeiro, muito concorrida e animada. O navio dispunha de uma máquina MAN de 1600 hp, 78 metros de comprimento e capacidade de 23.400 quintais de bacalhau.

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A 10 de Abril de 1963, um grave acidente na casa dos caldeiros, quando os pescadores estavam a vestir as pesadas roupas para a manobra, um dos caldeiros explodiu, deixando o compartimento com um ambiente demoníaco. Com queimaduras de vários graus, ficaram 10 tripulantes, que foram levados com eficácia para um hospital de St. John’s, apesar de se encontrarem a 30 horas de navegação.

Anos passados, deram um grande apoio, quer navio, capitão e tripulação, em 23 de Abril de 1971, ao naufrágio do arrastão de popa “Santa Isabel” propriedade da EPA, em situação trágica e prestes a voltar para Portugal.

Comandado por António Fernando Paroleiro dos Santos, quando se encontrava na Terra Nova, atracado no porto de St. John’s a abastecer de combustível, em 29 de Setembro de 1977, aconteceu uma enorme explosão, seguida de violento incêndio.

Vasco d'Orey. Nuno Bartolomeu..jpg

Infelizmente, nesta tragédia, perderam a vida cinco tripulantes: dois de Vila Praia de Âncora, um de Mira, um de Vagos e outro de Ílhavo.

De Vila Praia de Âncora faleceram os pescadores Carlos Alberto Correia Fernandes (Cachiço) e Júlio Rodrigues Ferreira.

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Carlos Fernandes (Cachiço) - Redeiro

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Júlio Ferreira - 3º maquinista

O “Vasco d’Orey” foi rebocado pelo “Rio Lima” ainda a arder para fora do porto tendo encalhado a uma milha da barra de St. Jonh’s, no local conhecido por “Spring Point” onde acabou desmantelado por força das vagas.

img503, Vasco d'Orey. 29. Set. 1977.jpg

O jornal Diário de Lisboa de 30 de setembro de 1977 noticia:

Explosão num pesqueiro – “Uma explosão a bordo de um barco pesqueiro português, ancorado no porto de S. João da Terra Nova, provocou vários feridos entre a tripulação, feridos esses que foram imediatamente transportados ao hospital.

A agência France Press que ontem divulgou a notícia ao princípio da noite acentuava o facto de não serem conhecidos mais detalhes sobre a explosão, seguida de incendio, nomeadamente o nome do barco e o número e identificação dos feridos.”

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A 3 outubro o Diário de Lisboa volta ao assunto:

“A marinha costeira canadiana renunciou ontem ao desencalhe do arrastão português “Vasco d’ Orey”, que se incendiara quinta-feira, provocando a morte de dois membros da tripulação e ferimentos em dez outros marinheiros.

O arrastão com 1.820 toneladas, derivara uma milha da entrada do porto de São João da Terra Nova, depois de ter sido rebocado sempre a arder, fora das instalações portuárias. O incêndio que deflagrara quando o “Vasco d’ Orey” acabava de encher os depósitos de combustível, extinguiu-se por ele próprio na sexta-feira. A Polícia e a marinha costeira de São João da Terra Nova tentaram ontem encontrar o corpo do marinheiro que pereceu na sala das máquinas, mas não conseguiram lá penetrar.

A marinha costeira canadiana terá agora de bombear os 90.000 litros de fuel contidos nos depósitos do “Vasco d’ Orey”, ou de lhe pegar fogo para evitar qualquer poluição.”

Vasco d'Orey nas rochas. 1977. Nuno Bartolomeu..jp

Fontes: Museu Marítimo de Ilhavo; blog marintimidades; arquivo Diário de Lisboa;

publicado por Brito Ribeiro às 11:50

25
Nov 24

Em regra, a secagem do bacalhau situava em local próximo às salinas, nas fozes dos rios, quase sempre na margem esquerda dos mesmos. Isto deve-se a um fenómeno geológico relacionado com a hidrografia que determina nomeadamente a formação dos sapais e cabedelos nesta zona. De resto, a localidade de Darque que deve o seu nome a uma vila romana que ali existiu, pertencente a um senhor chamado Arquius, foi em tempos um lugar da paróquia de Santa Maria das Areias.

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Seca do bacalhau em Darque e o Monte de Santa Luzia ao fundo

Junto ao Cais Novo, fundou-se em 1774 a fábrica de Louça de Viana do Castelo e no século XX aqui existiu a Seca do Bacalhau pertença da EPV.

As mais antigas referências às salinas de Darque datam de 1085, daqui partindo embarcações rio acima, chegando a carregar até quinze toneladas e atracando em todos os ancoradouros da margem esquerda do rio Lima, muitos deles votados ao esquecimento, aliás à semelhança do que se verifica com as salinas.

Aspeto curioso a registar, desconhece-se até ao momento, a existência de qualquer representação etnográfica das tradições dos marnotos, por parte dos grupos folclóricos da região de Viana do Castelo.

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Mulher descarregando sal do barco para a seca

A secagem tradicional do bacalhau constitui um processo natural cuja prática encontra-se relacionada com a necessidade de conservação dos alimentos durante as descobertas quinhentistas, razão pela qual o consumo de bacalhau seco constitui um hábito alimentar exclusivo dos portugueses.

Não obstante, parecendo revelar que não possui outras preocupações mais relevantes, a União Europeia pretende impor-nos o uso de polifosfatos e outros agentes químicos no bacalhau em detrimento do método tradicional de secagem, constituindo uma clara medida que virá prejudicar a saúde e aumentar os preços deste bem alimentar que ocupa um lugar de destaque na nossa alimentação.

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Declaração de insalubridade das secas do bacalhau - 1908

 Fonte Blog do Minho; Foto Manuel da Fonte;

publicado por Brito Ribeiro às 10:05
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23
Nov 24

Antiga Doca Comercial de Viana nos primeiros anos do século XX. Podemos distiguir alguns veleiros e vapores, certamente usados no transporte de mercadorias.

Os navios do bacalhau chegarão alguns anos mais tarde.

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publicado por Brito Ribeiro às 16:40

No princípio do século XX, Viana do Castelo vivia numa letargia e conformismo deprimentes. Deve-se ao Dr. Gaspar Teixeira de Queirós Coelho de Castro e Vasconcelos, juiz de direito, natural dos Arcos de Valdevez, o relançamento da pesca do bacalhau em Viana.

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Lugre GASPAR

Conseguiu mobilizar as forças vivas e angariar o capital para formar o embrião, da que viria a ser a Empresa de Pesca de Viana, no ano de 1913.

Com a entrada de João Alves Cerqueira e Vasco D'Orey nos anos 30 a EPV progrediu e assistiu-se a um surto de desenvolvimento que já não se verificava há séculos em Viana do Castelo.

O porto desenvolveu-se fruto da necessidade de se adaptar à dimensão dos navios. Novas indústrias se desenvolveram e o comércio cresceu para satisfazer o aumento de navios e trabalhadores na pesca do bacalhau.

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João Alves Cerqueira

Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, surgiram para satisfazer a construção de três arrastões para a pesca do bacalhau sendo dois para Viana e um para Aveiro, dando emprego a muitos milhares de trabalhadores, quer na construção das infraestruturas, quer na construção dos navios propriamente. Com estas duas indústrias em laboração plena, Viana do Castelo teve um crescimento só comparável na época do comércio do açúcar Brasileiro, no século XVII.

A fama do bacalhau «cura de Viana» e a qualidade dos navios construídos nos ENVC, alastraram por todo o país e foram uma mais valia para a região, económica e socialmente, melhorando o nível de vida e dando emprego a milhares de trabalhadores.

Porém, temos de recuar nos tempos para encontrar esta vocação atlantica do povo vianense. Viana deve a sua formação a um povoado de pescadores que ao longo dos séculos se perpetuaram, passando os saberes para os vindouros.

O interregno que se verificou na pesca do bacalhau depois da perda da independência no século XVI até ao início do século XX, não impediu que os pescadores vianenses descurassem a arte da pesca.

Os fracos proventos que recebiam da captura das espécies existentes, à época no "Mar de Viana" (sardinha, carapau e cavala), mal davam para o sustento familiar.

A criação de empresas de pesca do bacalhau (no distrito existiram quatro) veio melhorar a sobrevivência de muitas famílias, apesar da vida da pesca do bacalhau ser árdua, perigosa e de muito sacrifício, permitindo aos pescadores auferirem um pecúlio um pouco maior do que auferiam na pesca local.

Na base de dados do Museu Marítimo de Ilhavo, sobre pescadores do bacalhau do Distrito de Viana do Castelo, encontramos 1781 registos.

 

publicado por Brito Ribeiro às 12:10
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22
Nov 24

Os primeiros indícios relacionados com a pesca e a salga do bacalhau em Portugal, remontam aos inícios do século XIV; no entanto, foi na época dos Descobrimentos, quase cem anos depois, que os portugueses perceberam que o bacalhau era um alimento importante, por resistir às longas travessias marítimas.

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Os pioneiros na pesca do bacalhau foram os vikings que, na falta do sal, deixavam o peixe a secar ao ar livre nos barcos. Na Idade Média, o sal era uma mercadoria valiosa que os portugueses tinham e utilizavam como moeda de troca com os países nórdicos, de quem importavam o bacalhau e para quem exportavam o sal.

Foi também na época dos Descobrimentos que surgiu o rótulo “bacalhau da Noruega”, uma vez que coincidem os relatos da primeira pesca de bacalhau com o método da salga, durante essas mesmas viagens de descobertas.

Por volta do ano de 1506 foi decretado um imposto sobre o bacalhau que entrava nos portos entre o Douro e o Minho. Entretanto, a pesca por frotas portuguesas manteve-se irregular e acabou por ser interrompida durante a dinastia filipina.

O consumo do bacalhau salgado seco generalizou-se durante o século XVII e, até ao início do século XX, consumia-se o chamado “bacalhau inglês”. Portugal retomou progressivamente as suas viagens à Terra Nova a partir do ano de 1835, pela Companhia de Pescarias Lisbonense.

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Durante séculos, o bacalhau não era visto como um alimento de primeira categoria, sendo geralmente associado a comida de pobre; alcançou uma enorme relevância na dieta do povo português devido ao seu baixo custo e à facilidade de preservação, o que lhe valeu a alcunha de "fiel amigo". Essa situação alterou-se quando os stocks de bacalhau na natureza entraram em declínio e países como a Noruega ou o Canadá impuseram severas restrições à pesca nas suas águas, levando a um aumento significativo do preço ao consumidor, bem como ao abate de grande parte da frota de pesca nacional.

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Como vimos a pesca do bacalhau começou pela Terra Nova e Gronelândia, em grandes veleiros, os lugres, mais tarde substituídos pelos navios de arrasto. A seca e salga, a cura tradicional portuguesa, isenta de substâncias químicas, preservava as propriedades nutricionais do peixe. Este processo conferia características de aroma, sabor e textura únicas.

O consumo anual de bacalhau seco em Portugal anda na ordem dos 15 kilos por habitante, sendo o consumo percapita mais elevado a nível mundial.

Fontes: siglas poveiras e blog do minho

publicado por Brito Ribeiro às 16:10

21
Nov 24

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Por mero acaso vi esta foto e como desconhecia totalmente a existencia de tal grupo, perguntei ao Fernando Gomes se teria existido ou era mais uma aldrabisse das que se leem por aí.

Realmente existiu, de forma efémera, por vontade e entusiasmo de algumas pessoas do Lugar da Aspra, mas a moda dos pauliteiros não "pegou" em Âncora e o grupo extinguiu-se.

Os trajes dos dançarinos são uma mistura do traje tradicional das mulheres do Alto Minho, com um "ar" tropical nos homens, certamente inpirados na forma de trajar brasileira.

Interessante seria conhecer as musicas e as letras que o grupo usava nas suas danças, ao que parece com os homens ao centro a jogar os paus e as mulheres a dançar em volta.

publicado por Brito Ribeiro às 16:40
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20
Nov 24

No mesmo dia, 29 de janeiro de 1949 em que foi inaugurado o Bairro dos Pescadores em Vila Praia de Âncora, foi iniciado o processo de construção de 5 novos arrastões nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. A presidir a esta cerimónia o Ministro da Marinha, Américo Tomás e o "patrão" das pescas em Portugal, Henrique Tenreiro.

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Vejamos como o jornal "Diário de Lisboa" deu a notícia:

 

Diário de Lisboa

Viana do Castelo 29 de janeiro de 1949

"Nos estaleiros navais desta cidade, iniciou-se hoje, com a presença do sr. Ministro da Marinha, a construção de cinco novas unidades de pesca de arrasto, destinadas a quatro empresas de Lisboa e uma de Aveiro.

Cerca das 10 horas, o sr. Comandante Américo Tomás entrava nas amplas oficinas de caldeiraria dos estaleiros onde era recebido pelos srs. Vasco d’Orey, João Alves Cerqueira, eng. Américo Rodrigues, Alberto Bettencourt, João Delgado Cerqueira e Guilherme d’Orey, da direção dos estaleiros, e ainda, pelos srs. Comandantes Henrique Tenreiro e Duarte Silva, Dr. Soares da Fonseca, capitão Ornelas Monteiro, governador civil do distrito e presidente do município, capitães dos portos do Porto e de Viana, diretores de companhias de pesca e outras individualidades.

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Naquelas oficinas procedeu-se então às operações da viragem de uma valise para um dos cinco arrastões, cada um dos quais terá 45 metros de comprimento, capacidade para 125 toneladas de peixe, e uma deslocação de 705 toneladas. Todos os barcos estarão concluídos dentro de 15 meses, custando cada um deles menos 70 mil escudos do que o orçamento apresentado por uma forma inglesa.

(…)

Findo aquele ato, o sr. Ministro da Marinha dirigiu-se à sala de desenho onde lhe foram apresentados os planos referentes às embarcações, pelo sr. Augusto Laje do Amaral.

Seguidamente, inauguraram-se num edifício anexo aos estaleiros, os refeitórios, vestiários e balneários para todo o pessoal que, neste momento, é de cerca de 1.200 homens.

Antes de se retirar desta cidade, o sr. Ministro da Marinha esteve numa das docas secas a ver o arrastão “Cabo Branco” que já está construído e que, dentro de 15 dias, deve ser entregue à empresa proprietária de Lisboa.

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Seguidamente, o sr. Comandante Américo Tomás tomou o caminho do Porto, detendo-se em Apúlia, para visitar a estação radiogoniométrica, onde foi recebido pelo diretor dos serviços radiotelegráficos da Armada, o sr. Comandante Ramos Pereira."

publicado por Brito Ribeiro às 10:08
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19
Nov 24

Transcrição do jornal regional “A Aurora do Lima” de 4 de fevereiro de 1949

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“Sob a presidência do senhor Governador Civil, capitão Ornelas Monteiro, rodeado dos senhores Comandante Henrique Tenreiro, Dr. Alberto Meireles, Dr. Carlos Carvalho, médico da Casa dos Pescadores, D. Maria Augusta Pereira D’ Eça de Alpoim, subdelegada da Mocidade Portuguesa, Dr. Dantas Carneiro, Presidente da Câmara Municipal de Caminha, outras entidades locais e o senhor Carlos Cordeiro Feio presidente da Comissão de Turismo, realizou-se no sábado último, naquela risonha localidade a inauguração das obras no bairro dos piscatório.

 

Nesta sessão foi tributado o devido reconhecimento ao Governo do Estado Novo e ao senhor Comandante Henrique Tenreiro que foi muito aplaudido pela numerosa assistência em que predominava o elemento piscatório.

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Como o senhor Carlos Cordeiro Feio aludisse a dificuldades porque estava a passar a sopa dos pobres, o senhor Comandante Henrique Tenreiro prometeu um subsídio igual a outro já concedido de 20 contos.

Mais tarde procedeu-se à inauguração da escola masculina da vila, que dentro em breve passará a funcionar. Cortou a fita o ilustre Governador Civil e içou a primeira vez a Bandeira Nacional o diretor escolar Mário Nogueira Gonçalves. A festa terminou com aclamações e teve também larga assistência.

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Num e noutro dos atos citados fizeram guarda de honra um piquete dos bombeiros e um castelo da Mocidade Portuguesa.”

publicado por Brito Ribeiro às 11:09
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15
Nov 24

[Maria da Graça Lopes de Mendonça Barros Pereira

Maria da Graça Lopes de Mendonça nasceu em Lisboa em 2 de Março de 1919, filha de Vasco Lopes de Mendonça [1883-1963], engenheiro, caricaturista e ceramista, sobrinha de Alda Lopes de Mendonça, rendeira e de Virgínia Lopes de Mendonça [1881-1969], escritora.

Maria da Graça era neta de Henrique Lopes de Mendonça [1856-1931], autor da letra do hino "A Portuguesa", e de Maria Amélia Bordalo Pinheiro, irmã de Rafael e Columbano Bordalo Pinheiro, bem como, tia de Gustavo Bordalo Pinheiro.

Maria da Graça casou a 11 de Maio de 1939 com Jorge Maia Ramos Pereira, que entrara para a Marinha em 1920 e aí permaneceu até à reforma em 1971 com o posto de contra-almirante.

[Maria da Graça Lopes de Mendonça Barros Pereira

Tal como o marido, tiveram sempre uma militância antifascista e por proposta de Maria do Carmo Vieira, aderiu ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas em 1941 até ao seu encerramento compulsivo, ordenado pelo governo do Estado Novo em 1947.

Embora o casal vivesse habitualmente em Lisboa, tinham construído em Vila Praia de Âncora a “Casa do Monte” um agradável chalé de onde desfrutavam uma vista desafogada sobre o casario e o mar.

Jorge Ramos Pereira e Maria da Graça não deixaram descendência, mas eram frequentes os momentos partilhados com sobrinhos, primos e outros familiares, que muitas vezes se juntavam em alegres convívios na Casa do Monte.

Esta casa teve sempre as portas abertas aos ancorenses que frequentemente iam pedir algum favor ao senhor almirante, fosse na Marinha, na pesca do bacalhau ou até noutros organismos públicos em Lisboa.

Conhecendo bem o meio ancorense, criaram uma Fundação para auxiliar os jovens provenientes de famílias pobres a prosseguir os estudos.

 Maria da Graça faleceu em Lisboa, no Hospital da Marinha, em 14 de Maio de 1979.

publicado por Brito Ribeiro às 16:58
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