Ambiente, história, património, opinião, contos, pesca e humor

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Jul 15

Com a aproximação do verão, chega o tempo de férias, de festas e romarias, do regresso dos emigrantes às aldeias de origem e da deslocação de muita gente para o litoral, para as praias das suas preferências, na busca do merecido descanso junto às águas frescas do Atlântico.

O desequilíbrio demográfico entre o litoral e o interior acentua-se, pondo em risco, por vezes, os padrões médios de segurança no que toca a saneamento básico, que nos picos de afluência são rapidamente ultrapassados.

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 É muito importante que os municípios estejam preparados para responder com eficácia às demandas que o afluxo turístico acarreta, apesar de frequentemente se esquecer que não existem apenas mais-valias nesta actividade económica, mas também custos não negligenciáveis ao nível da melhoria da rede viária e estacionamentos, informação e ordenamento, limpeza e salubridade urbana, segurança e resolução de conflitos e, por fim, o sobredimensionamento das infra-estruturas de captação e distribuição de água, rede de saneamento e tratamento de efluentes, bem como potência da rede eléctrica, devido à característica sazonal da actividade turística baseada no tradicional sol e praia.

Mas é também necessário preparar as praias, atlânticas ou fluviais para as enchentes de Julho e Agosto. Longe vão os tempos em que se escolhia calmamente o sítio para estender a toalha sem vizinhos irrequietos e barulhentos por perto. Na actualidade torna-se cada vez mais difícil encontrar essa pérola, apesar de sermos intoxicados amiúde com as habituais frases feitas sobre o turismo de qualidade.

Um bom exemplo é a forma exagerada e desordenada como certas esplanadas invadem o espaço público, subjugando-o ao interesse comercial (que é legítimo) de alguns privados. Deixa de ser legítimo quando por abuso ou por anuencia da autarquia, os espaços públicos ficam reféns de um mero negócio de restauração, condicionando em alguns casos a livre circulação dos cidadãos, em outros casos desvalorizando o património histórico e arquitectónico com a parafernália de guarda sois multi coloridos que promovem marcas de bebidas mais ou menos conhecidas. Como em tudo na vida, deve haver equilíbrio e exige-se bom senso nas decisões, principalmente nos centros históricos e na primeira linha de costa.

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O turismo de qualidade não é sinónimo de turismo de luxo, mas sim de excelência, seja a nível da restauração tradicional ou de luxo, do alojamento local ou de uma unidade de 4 ou 5 estrelas. O que interessa é potenciar aquilo que temos de melhor para oferecer e que eventualmente os outros (entenda-se, regiões) não tem.

Em primeiro lugar a genuinidade dos minhotos que sabem receber como ninguém; depois as festas de aldeia e as grandes romarias, a paisagem, o património e a cultura de um povo que tanto olha para o mar, como para a serra, que se orgulha das suas origens e das suas tradições.

Ao ficarem presos às esplanadas e ao binómio sol e praia, algo que existe um pouco por todo o lado, e frequentemente em condições mais vantajosas, continuar-se-á a cavar o fosso entre a qualidade e a vulgaridade.

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Nos últimos anos, o Alto Minho tem assistido à abertura de um número apreciável de pequenas unidades hoteleiras, enquadradas no sector do turismo rural, que respeitando o ambiente e valorizando o património arquitectónico, tem conseguido afirmar-se neste mercado tão competitivo.

O turismo é actualmente uma das actividades de maior crescimento, de maior importância para a economia mundial e que gera mais emprego. No entanto, os benefícios do turismo não podem ser reduzidos aos económicos. O turismo afecta positivamente a qualidade de vida e o bem-estar, sendo esta relação significativa no que respeita a algumas das dimensões da qualidade de vida e do bem-estar.

Os gestores da área (assim como autarquias e tutela turística regional) devem promover serviços que valorizem experiências pessoais satisfatórias, que gerem afectos positivos e que estes efeitos sejam duradoiros, uma vez que podem gerar lealdade com o destino, vontade de gastar mais e de recomendar quando se volta a casa.

Boas férias!

 

 

publicado por Brito Ribeiro às 10:09
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