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05
Mar 08
 
Ala Liberal
 
Os deputados da chamada Ala Liberal constituíram uma jovem geração de políticos adeptos de uma forte liberalização do regime do Estado Novo. Das listas do partido único (a União Nacional) às eleições de 1969, faziam parte os deputados independentes António Pinto Leite, Francisco de Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão, Magalhães Mota e Miller Guerra. Um total de 30 deputados formaram a "ala liberal" da futura Assembleia. Sá Carneiro iria afirmar-se como um dos mais activos elementos do grupo.
 
Entre 1970 e 1971, o número de detenções por motivos políticos voltou a aumentar, não só de militantes do PCP como de outras personalidades, entre elas Jaime Gama, Francisco Salgado Zenha e Raul Rego. Os ecos da violência e da ilegalidade dos métodos usados na instrução dos processos foram denunciados por apoiantes dos presos e chegaram à Assembleia Nacional pela voz de Sá Carneiro e de outros deputados "liberais".
O recuo no terreno das liberdades expressava uma clara travagem a nível político-institucional naquilo que a chamada Primavera Marcelista continha de promessa de renovação do regime.
Contra isto se insurgiram os deputados da Ala Liberal, que apresentaram várias iniciativas legislativas ao longo do ano de 1972: os projectos de lei de amnistia e de liberdade de associação (apresentados por Sá Carneiro) e de lei de imprensa (subscrito por Sá Carneiro e Pinto Balsemão).
 
A lei de imprensa, que o Governo acabou por fazer aprovar na Assembleia, praticamente só mudou a designação de "censura prévia" para "exame prévio", nada alterando de essencial. De resto, todos os projectos "liberais" foram derrotados pela maioria afecta ao Governo e aos sectores políticos mais conservadores.
Após sucessivas desilusões, os deputados da Ala Liberal foram abandonando a Assembleia. Sá Carneiro foi o primeiro, em 1973, seguindo-se-lhe vários outros.
Passaram à oposição, nomeadamente através de artigos publicados no jornal Expresso, fundado por Pinto Balsemão em Janeiro de 1973. Os esforços dos "liberais" terão tido o efeito de desacreditar a experiência marcelista junto de largos sectores das classes médias portuguesas.
 
 
D. António Ferreira Gomes (Bispo do Porto)
 
D. António Ferreira Gomes nasceu em 1906, em Penafiel, e faleceu em 1989. Concluiu os seus estudos eclesiásticos na Universidade Gregoriana, onde se formou em Filosofia, em 1928.
Ordenado sacerdote nesse mesmo ano, foi professor, prefeito, vice-reitor e reitor do Seminário de Vilar, na cidade do Porto. Foi nomeado coadjutor de Portalegre em 1948, passando a titular da diocese em 1949. Tornou-se bispo do Porto em 1952.

 

No exercício do magistério episcopal e em defesa da doutrina social da Igreja Católica, em 1958 (coincidindo, portanto, com a campanha presidencial de Humberto Delgado), dirigiu uma carta ao então chefe do Governo, António de Oliveira Salazar, crítica da situação política, social e religiosa da nação. Consequentemente, foi forçado ao exílio a 24 de Julho de 1959.
Residiu em Espanha, na República Federal da Alemanha e em França, sendo mais tarde nomeado membro da Comissão Pontifícia de Estudos Ecuménicos para a preparação do Concílio Vaticano II pelo Papa João XXIII.

 

Após a morte de Salazar, regressou a Portugal, em 1969, e retomou o governo da sua diocese. Sendo o fundador do semanário Voz Portucalense e do boletim Igreja Portucalense, foi também responsável pela criação, nos anos 70, da Secção Diocesana da Comissão Pontifícia "Justiça e Paz".
Apresentou o pedido de resignação da diocese em 1981, cessando funções no ano seguinte.
Publicou uma vasta obra de reflexão e ensaio. Foi alvo de várias homenagens e galardoado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, em 1976, e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, em 1983.
 
 
Francisco de Sá Carneiro
 
Político e advogado português, nasceu no Porto a 19 de Julho de 1934 e morreu em Camarate, Loures, a 4 de Dezembro de 1980.
Foi um dos fundadores da Cooperativa Cultural Confronto e director da Revista dos Tribunais. Foi deputado independente da Ala Liberal entre 1969 e 1973. Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, Sá Carneiro foi um dos fundadores do Partido Popular Democrático (PPD), ficando a presidir aos seus destinos. Fez parte do primeiro governo provisório entre Maio e Junho de 1974.

 

Sá Carneiro obteve a maioria absoluta nas eleições legislativas de 1980, vindo a falecer nas vésperas das eleições presidenciais, num desastre de aviação do qual ainda hoje subsistem dúvidas; uns defendem a tese de atentado, outros defendem a de acidente.
Desde a sua morte até aos dias de hoje várias comissões oficiais de inquérito ainda não conseguiram chegar a qualquer decisão peremptória sobre as causas da queda do avião, havendo indícios que apontam quer para o atentado, quer para o acidente.

 

Sá Carneiro publicou, entre outras, as obras “Uma Tentativa de Participação Política” (1971), “Ser ou não Ser Deputado” (1973), “Por uma Social-Democracia” (1975), “Autoridade Democrática e Social-Democracia” (1975) e “Uma Constituição para os Anos 80, Contributo para Um Projecto de Revisão” (1979).
 
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publicado por Brito Ribeiro às 15:03
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