Ambiente, história, património, opinião, contos, pesca e humor

04
Fev 08
 
O GPS é uma engenhoca extremamente útil para sabermos, em qualquer momento, onde estamos. Nasceu para uma finalidade militar mas rapidamente “saltou” para o uso civil.
Até há alguns anos era usado exclusivamente no mar, substituindo com todas as vantagens o vetusto sextante, que só funciona de dia e desde que haja sol. A aplicação para a navegação generalizou-se e qualquer barquinho passou ater a bordo o tal aparelhómetro que indicava a posição, a rota, os pontos cardeais e mais não sei quantas coisas, com o objectivo de que ninguém se sentisse perdido na mais tenebrosa escuridão ou no mais impenetrável nevoeiro.
Como pesquei durante vários anos ao robalo de barco, sei muito bem a utilidade do GPS para ir “direitinho” àquele pesqueiro ou para regressar “certinho” ao porto de abrigo com um nevoeiro que não deixa ver um palmo na frente do nariz.
 
Este equipamento fez a transição do mar para terra e, desde alguns anos a esta parte, começou a equipar os automóveis, disponibilizando os melhores trajectos em tudo quanto é estrada ou caminho, por mais esburacado que esteja.
Já não há necessidade de ninguém se perder na ida para férias ou na visita à tia Margarida que vive há quarenta anos em Cebolais de Baixo, para os lados de Castelo Branco. Viaturas topo de gama incluem já este equipamento bem aconchegado no centro do tablier, como estrela maior da parafernália de botões, interruptores e sensores que o rodeiam.

Mas como nem todos tem automóveis topo de gama ou melhor, a grande maioria tem é “charutos” velhos ou utilitários, são comercializados uns GPS portáteis que se adaptam a um suporte preso ao tablier ou ao pára-brisas, através de uma ventosa.
Com um custo de lançamento a rondar os quinhentos euros, estas preciosidades foram-se divulgando e o mercado fez o resto. Estão em baixa constante de preço, tem novas funcionalidades e tornaram-se um objecto de culto para muita gente que encara a presença do cobiçado GPS como um estatuto social relevante. Mais uma moda que o marketing inteligentemente lançou e os portugueses (alguns) comeram.
 
Se até algum tempo atrás ter um telemóvel com todas as “mariquices” dava estatuto, hoje isso está fora de moda, já toda a gente tem essas coisas! O factor de diferenciação é o GPS bem visível do exterior, a cantar “a cinquenta metros vire à direita”, “stop a duzentos metros” e outras instruções do género que, sem hesitações, a maquineta vai dizendo na voz metálica do sintetizador. Isso sim, é estatuto! Essa história das jantes especiais e escapes cromados, já deu o que tinha a dar. Agora é a hora da alta tecnologia, via satélite.
 
Que me desculpem quem usa o GPS por necessidade, mas a grande maioria anda com aquilo ligado para levar os miúdos à escola ou quando dá a habitual “volta dos tristes” ao domingo com a família, a mesma volta que invariavelmente percorre há mais de dez anos!
Mas que fica bem, lá isso fica! A caixinha quadrada agarrada à grande ventosa logo atrás do pára-brisas não é para qualquer um, por enquanto.
Como já vi GPS a cerca de cento e vinte euros, não me admirava que qualquer dia encontre um destes aparelhómetros no guiador de uma Famel Zundapp rançosa, à porta da tasca, enquanto lá dentro, o seu orgulhoso proprietário explica, de Super Bock na mão, para que serve o dito: “Ó pá, aquela merda está porreira, é só preciso carregar no botão, que diz logo onde estamos”.
E assim vai este país!
 
 
publicado por Brito Ribeiro às 23:07
tags:

A tua alma de marinheiro a falar!
Tens toda a razão, os radio-faróis, assim como a sinalização luminosa, continua a funcionar apesar de todos os avanços tecnoçógicos.
De qualquer forma, só quis evidenciar nesta pequena sátira a utilização de um equipamento como o GPS para efeitos de promoção social.
Obrigado pelo comentário.

Abraço
Brito Ribeiro a 5 de Fevereiro de 2008 às 22:15

Fevereiro 2008
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

11
12
14
15

18
20
21
22
23

25
26
29


mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO