Ambiente, história, património, opinião, contos, pesca e humor

28
Jan 15

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 A propósito de um comunicado de uma força política do Concelho, não posso deixar de tecer alguns breves e atentos comentários. Sobre as obras descritas no dito comunicado e as alterações tarifárias implementadas nada há a reparar. É verdade o que lá está escrito e tenho a certeza que no futuro mais iniciativas se irão juntar as estas.

Agora, dizer que o desemprego desceu mais de 20% é uma irresponsabilidade, que só serve esse desgraçado governo do PSD. Além de não ser verdade!

Se há alguma dúvida, digam-me onde se criaram cerca 220 postos de trabalho. E não me venham com a treta do Continente. É muito bem-vindo este investimento, mas irá criar apenas um terço do valor em causa. Então, onde estão os outros 150 postos de trabalho?

A verdade é que entre as pessoas que emigraram, que entraram nos programas de formação do Instituto de Emprego e Formação Profissional, que conseguiram um estágio profissional (por um ano) ou que por qualquer outro motivo deixaram de constar das listas do IEFP, é que encontramos uma explicação sustentada.

publicado por Brito Ribeiro às 14:32
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15
Jan 15

Artigo de 22 de Maio de 1885, do "correspondente da Praia d'Ancora", no Jornal da Manhã, publicado no Porto.  Sem mais comentários.

 

No juizo de direito da comarca de Caminha procedeu-se há dias ao auto de exame corpo de delicto directo na pessoa de Rozalina Martins Lírio, menor de 20 annos, filha do snr. Francisco Lírio, rico proprietário da freguezia d’Ancora e vereador da camara de Caminha, por participação ao ministério publico d’este snr. Contra o reverendo abbade da mesma freguesia pelas consequências funestas da seducção e relações ilícitas do pároco com a sua filha, segundo consta da participação.

Além das terríveis declarações da infeliz deshonestada foram inquiridas varias testemunhas. Mas oxalá que elle sirva de exemplo, e que nunca mais um sacerdote, e particularmente um pároco, caia em delicto tão grave e tão desairoso para uma classe inteira, que soffre sempre na sua dignidade e no seu estado, embora uma corporação ou classe não seja responsável pelas faltas de alguns dos seus membros ou de qualquer dos indivíduos que a ella pertence.

Isto é certo; mas não o é menos que hoje em dia os vícios ou crimes d’sacerdote se fazem reflectir sobre toda a classe ecclesiastica, porque não se diz -“o padre fulano cometeu esta culpa”; mas sim-“os padres comettem estas culpas e por isso é que a religião está perdida”.

Não se deve nem pode discorrer assim contra a classe sacerdotal e contra a religião; mas os que não sabem o principio de que uma classe ou corporação  não é responsável pelos abusos e delictos de qualquer dos seus membros, acusam a classe em geral e não o individuo em particular que a ella pertence, e que é o único responsável; e os inimigos d’essa classe e da religião aproveitam estes factos particulares para a consecução dos seus fins, que não são bons.

Eis o motivo principal porque sentimos profundamente que tal facto se tenha dado e que em juízo esteja a acusação d’elle. Esta facto é do domínio publico; e por isso temos direito e obrigação de nos referismos a elle.

 

No juízo ordinário da Riba d’Ancora, procedeu-se também a auto do corpo de delicto contra Gerardo Martins Lírio, a requerimento do referido abbade, que acusa aquelle individuo, irmão da desonhestada, de lhe haver atirado um tiro entre umas devezas.

É, porem, opinião geral e provável, senão certa, que similhante facto não se deu, ou pelo menos não se prova, segundo nos consta e é publico.

Entretanto esta publicidade pode ser e é proveitosa para exemplo de todos e emenda dos delinquentes.

publicado por Brito Ribeiro às 12:35
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08
Jan 15

A impermeabilização dos solos é um problema que se tem avolumado continuamente. Os problemas mais evidentes, resultantes da impermeabilidade dos solos estão frequentemente associados às cheias e inundações, sobretudo por os danos daí resultantes, terem grande expressão socioeconómica, em termos imediatos.

Apesar das mudanças climatéricas globais em curso serem sobejamente conhecidas, e do ritmo de ocupação de zonas naturais de leito de cheia a que se vem assistindo nas últimas décadas, os fenómenos artificiais resultantes da impermeabilização em massa dos solos urbanos e resultantes da desflorestação envolvente, vieram agudizar em muito a dimensão das inundações.

Em 1971, Gonçalo Ribeiro Teles, um arquitecto paisagista, aparecia na RTP explicando as causas para a catástrofe que em Novembro de 1967 ceifara a vida a cerca de 300 pessoas na região de Lisboa, defendendo que era consequência da falta de planeamento, da inépcia, da ignorância e da incompetência, por se construir nas zonas baixas, nos leitos de cheia, alterar as margens e provocar estrangulamentos à livre passagem das águas das chuvas. Nem a Censura conseguiu abafar esta pedrada no charco.

Hoje, mais de quatro décadas depois, as palavras dele, mantêm-se tristemente actuais e as circunstâncias para se repetirem as consequências nefastas de uma grande cheia, seja em Lisboa, na Madeira ou em qualquer outro ponto do país até aumentaram, com o incremento da urbanização, a impermeabilização dos solos e os estrangulamentos dos fluxos de água, quer superficiais e subterrâneos.

pis2.jpgÉ evidente que as ruas alcatroadas, os telhados, os pátios cimentados e o solo comprimido, não permitem que a água se infiltre para o solo e subsolo através do filtro natural que constitui a terra, até ao nível freático. Ao contrário, a chuva escorre pelas superfícies não ficando retida, causando situações de erosão, bem como situações de transporte de quantidades crescentes de sedimentos para os rios (já abordei isso no artigo anterior) e outras zonas húmidas baixas. Combinada com a água bombeada do subsolo para abastecer a comunidade, esta situação resulta na diminuição dos níveis de reserva dos aquíferos e na redução dos níveis (em qualidade e quantidade) da água nas nascentes, devido à alimentação dos aquíferos ser diminuta.

Contribuíram para a dimensão do problema, as actuais políticas de ordenamento que estão perfeitamente enraizadas e generalizadas, as quais se baseiam na canalização do escoamento, apenas se preocupando em transferir as inundações para jusante. Subjacente a essa prática, encontra-se a ideia de que: “a melhor drenagem é a que escoa o mais rapidamente possível a precipitação“. Porém, na verdade este tipo de políticas conduz a dois tipos de perdas: custo mais alto das infra-estruturas e maiores inundações.

Tem as autarquias a possibilidade de introduzir políticas de planeamento na área de impermeabilização dos solos em sede de PDM (Plano Director Municipal), embora se verifique que a ausência de normas quantitativas como o IP (Índice de impermeabilização) é a mais frequente.

Por outro lado, quando os índices são presentes, estes apresentam elevada discrepância de valores, aparentemente sem sustentação técnica, entre os diversos municípios.

A vinculação de normas de boas práticas ambientais, bem como as taxas de impermeabilização do solo nos instrumentos de planeamento como os PDM, PU (Planos de Urbanização) e mesmo nos PP (Planos de Pormenor) e a fiscalização do cumprimento dos mesmos, assim como as questões relacionadas com a educação ambiental, nomeadamente dos decisores, é uma necessidade imperiosa face ao histórico recente de inundações e outros cataclismos do género.

publicado por Brito Ribeiro às 15:17
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