Ambiente, história, património, opinião, contos, pesca e humor

27
Nov 14

Não é por acaso que o Concelho de Caminha é dos mais pobres do Norte de Portugal, registando nos últimos anos um recuo dos indicadores económicos e um saldo demográfico negativo.

No sector primário, a agricultura é de mera subsistência e a pesca reúne cada vez menos embarcações de pesca artesanal. No sector secundário, o tecido empresarial foi-se extinguindo gradualmente com o encerramento de diversas unidades industriais, estando hoje próximo da “estaca zero”.

O sector terciário ressente-se porque o rendimento das famílias é baixo e o desemprego elevado. Tal e qual como a questão da pescadinha de rabo na boca. Se não há agricultura e industria, o comércio e os serviços agonizam. As pessoas vão procurar trabalho fora do Concelho, eventualmente, optam pela emigração.

Se ficamos todos à espera do turismo/produção de eventos, como se diz na gíria, podemos esperar sentados. Há uma imensa maioria de cidadãos do Concelho que não tem competências ou interesses na área turística, mas que também não encontram soluções para os seus problemas de emprego ou de criação de negócio.

Particularmente, o Concelho de Caminha não tem sabido criar condições para cativar investimento privado, que contribua significativamente para o seu desenvolvimento, ao contrário dos Concelhos vizinhos, que tem aproveitado as oportunidades.

E aqui coloca-se a questão fundamental, que ainda não vi equacionada nas estratégias e nas agendas políticas dos nossos autarcas. O Concelho de Caminha não tem uma área adequada à implantação de unidades industriais.

Não é minha intensão, aqui e agora, atirar pedras à gestão autárquica passada ou presente, mas é estrutural capacitar o Concelho com uma zona industrial suficientemente vasta e com uma localização de excelência (encostada à auto-estrada), capaz de dar resposta às necessidades e às demandas dos investidores interessados.

Face ao atraso de desenvolvimento, face aos preocupantes dados demográficos, face ao desemprego elevado, o Concelho de Caminha tem de concentrar todos os esforços nesta via, procurando soluções válidas e realizáveis no curto prazo.

Sem menosprezar o impacto socioeconómico de algumas iniciativas de animação e dinamização do tecido empresarial, levadas a efeito nos últimos anos, temos de reconhecer que não é assim que o Concelho se desenvolve, nem é assim que se cria riqueza de forma sustentada.

É hora de reunir gente capaz, encontrar consensos, discutir coisas sérias e deixar de lado as pequenas incidências da vida partidária e da chicana política, sob pena dos intervenientes ficarem esganiçados e completamente fora de tom.

publicado por Brito Ribeiro às 11:39
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14
Nov 14

Em 1957, José Elias Martins dos Santos, um ancorense emigrado na Argentina, oferece a verba para a construção de uma cruz luminosa, que seja suficientemente alta para servir de ponto de referência e orientação dos pescadores da sua terra natal.

4.jpgFoi construída num dos pontos mais elevados do Monte Calvário no ano seguinte, pelo construtor civil e conterrâneo Álvaro Loureiro, com o custo de 14 contos e a altura aproximada de 13 metros.

 

O custo da energia eléctrica consumida ficou a cargo de um grupo de cidadãos ancorenses que se cotizavam regularmente.

No ano de 1979 a iluminação da cruz é substituída. Em 1998 depois de ter estado apagada vários anos, o Orfeão de Vila Praia de Âncora toma a iniciativa de a mandar reparar.

publicado por Brito Ribeiro às 10:10
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08
Nov 14

É com preocupação que vejo as bacias hidrográficas dos principais cursos de água do Alto Minho estarem bastante desflorestadas, originando perda de biodiversidade, erosão do solo e alteração dos ciclos da água, do oxigénio e do carbono. Uma bacia hidrográfica é definida em função de um curso de água e constitui a área em que as águas precipitadas são conduzidas para uma rede hidrográfica, ou seja, é a área total drenada por um rio e seus afluentes.

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 A desflorestação no norte de Portugal é causada quase exclusivamente pelo efeito dos incêndios florestais e com o fim do verão estes saíram da agenda política, para poderem ressurgir na próxima primavera, com declarações solenes da parte do poder, com recriminações da parte dos bombeiros, dança de cadeiras e outras negociatas, que pela frequência dos últimos anos, nem sequer chegam para nos espantar. Retemos fugazmente o horror das imagens, a memória dos dramas humanos e os testemunhos emotivos de quem sentiu as labaredas por perto. No próximo ano haverá mais.

Há muito que sabemos que a produção florestal em Portugal está seriamente condicionada pela ocorrência de incêndios e pela inércia das políticas que surgem frouxas, tarde e a más horas, deixando frequentemente tudo na mesma, com o Estado a dar o pior exemplo em termos de prevenção e regeneração das áreas ardidas.

A perda de biodiversidade, a erosão dos solos e a colonização por infestantes é notória no Alto Minho e o Estado ainda veio recentemente agravar a situação com a publicação do decreto-lei 96/2013, que na prática simplifica a plantação de eucaliptos, dificultando a plantação de espécies florestais autóctones como sobreiros, castanheiros ou carvalhos.

Na Serra D’Arga, por exemplo, aumentam descontroladamente as áreas infestadas de Haquea Cericea, um arbusto espinhoso que tem a particularidade de ser extraordinariamente resistente ao vento, à seca e ao fogo, criando densidades elevadas em grandes extensões. Forma bosquetes densos e impenetráveis impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa, afectando a vida selvagem, reduzindo a quantidade de água disponível e aumentando a probabilidade de ocorrência de fogo.

 A erosão é a destruição do solo e das rochas e consequentemente o seu transporte, em geral feito pela água da chuva e pelo vento, destruindo as estruturas que compõem o solo: areias, argilas, óxidos e húmus. Estas estruturas são transportadas para as partes mais baixas das bacias hidrográficas e vão assorear alguns cursos de água.

A erosão destrói, não apenas os solos, mas também as águas subterrâneas e tem-se tornado num problema muito sério, tornando-se necessário que se adaptem determinadas práticas de conservação dos solos. Porquê?

Porque quando os solos são cobertos de floresta a erosão é muito pequena e quase inexistente, além de promover a retenção e infiltração de água no solo. O problema ocorre quando o homem destrói as florestas ou estas são destruídas por factores externos como os incêndios, deixando o solo exposto, tornando-se a erosão severa, que pode levar a alterações climáticas e à desertificação em casos extremos.

Provavelmente muitos dos nossos autarcas tem um sentimento de preocupação acerca da desflorestação e do problema ambiental que ocorre em boa parte dos seus territórios, mas ainda não tem consciência da gravidade da situação, nem a fizeram reflectir na organização regional que agrega os diversos municípios, a Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM Alto Minho).

Tem esta organização a competência (e o desafio) não só de estudar e propor soluções para este problema regional, mas também a possibilidade de obter financiamento comunitário para uma grande acção de regeneração ambiental, devolvendo à floresta a capacidade de criar emprego, gerar riqueza e contribuir positivamente para uma melhoria ambiental e da qualidade de vida no Alto-Minho.

 

 

publicado por Brito Ribeiro às 10:58
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