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Jan 08
 
Partido Comunista Português (PCP)
 
O partido mais antigo na cena política portuguesa, foi fundado em 1921, na legalidade, integrado num regime democrático parlamentar que reconhecia a liberdade de formação e actuação dos partidos políticos. Apanhado de surpresa pelo golpe militar de 28 de Maio de 1926, que deu origem à criação da Ditadura Militar (o golpe quase coincide com o II Congresso, que teve lugar a 19 e 30 de Maio), só três anos mais tarde reinicia a sua actividade, na clandestinidade, sob a direcção de Bento Gonçalves.
Ainda não liberto das concepções anarco-sindicalistas que privilegiavam a acção violenta, armada, para o derrube do regime, o PCP participa na gorada tentativa revolucionária de 18 de Janeiro de 1934, pela qual o movimento operário tentava opor-se à corporativização dos sindicatos. Foi apenas em 1935, sob orientação da Internacional Comunista, de que o partido era membro, que se orientou para tácticas que tomavam em consideração, simultaneamente, três níveis de acção: clandestina, semi-legal e legal, orientação esta que nunca mais abandonará até à queda do Estado Novo, em 1974.
Várias vicissitudes marcaram a vida do partido, sem nunca o destruírem, embora em numerosas ocasiões o tenham debilitado fortemente: golpes repressivos desferidos pela polícia política, tais como a apreensão de tipografias clandestinas; prisão de dirigentes (Álvaro Cunhal e outros), deportação para o Tarrafal (Bento Gonçalves) e morte de alguns deles (Alex, Dias Coelho); dissidências provocadas pelas crises que abalaram o movimento comunista internacional, de que há a destacar o diferendo entre Estaline e Trotsky e respectivos seguidores, e a divisão entre pró-soviéticos e maoístas na década de 60, que dará origem a um movimento marxista-leninista fragmentado com uma vida que se prolonga até depois da queda do Estado Novo.
Chegado o 25 de Abril de 1974, numerosos dirigentes comunistas encontram-se na prisão ou no exílio, mas prontamente acorrem ao País, participando activamente no movimento revolucionário, nomeadamente na aplicação da Reforma Agrária, na dinamização da vida sindical e na luta contra a continuação da guerra colonial.
Ao cabo de setenta e cinco anos de existência, representa uma força política e social sem a qual se não pode compreender a História contemporânea de Portugal, e pode alinhar nas suas memórias colectivas as figuras emblemáticas de Bento Gonçalves, dirigente na clandestinidade nos primórdios do Estado Novo, Álvaro Cunhal, reorganizador e dirigente incontestado no segundo após-guerra, e Soeiro Pereira Gomes, militante clandestino e escritor neo-realista, entre outros.
 
 
 
Álvaro Cunhal
 
O político português Álvaro Barreirinhas Cunhal nasceu em 1913, em Coimbra. Foi estudante da Faculdade de Direito de Lisboa e, em 1931, filiou-se no Partido Comunista. Em 1935, foi eleito secretário-geral da Juventude Comunista e, um ano depois, passou à clandestinidade.

Em 1937, entrou para o Comité Central do partido. Após várias prisões temporárias, foi preso em 1949 no Forte de Peniche, de onde conseguiu evadir-se em 1960.
A partir do ano seguinte passou a ser secretário-geral do partido, cargo que ocupou até Novembro de 1992, data do último congresso, que elegeu, para o mesmo cargo, Carlos Carvalhas. Regressou a Portugal em 27 de Abril de 1974, sendo ministro sem pasta dos governos provisórios de 1974 e de 1975. Foi eleito deputado várias vezes, mas raramente ocupou o lugar na Assembleia da República.

Cunhal distinguiu-se também como escritor. Escreveu vários livros de índole política, como “Rumo à Vitória” (1964), “O Radicalismo Pequeno-Burguês de Fachada Socialista” (1970), “Contribuição para o Estudo da Questão Agrária” (1976), “A Revolução Portuguesa” (1976) e “Passado e Futuro” (1976). No campo do romance, entre outros livros, publicou, sob o pseudónimo de Manuel Tiago, “Até Amanhã, Camaradas” e “Cinco Dias, Cinco Noites”. Ambos os romances têm por tema os tempos em que o PCP se movia na clandestinidade, durante o Estado Novo deposto no 25 de Abril.
Também se distinguiu como artista plástico. Os seus Desenhos na Prisão, realizados quando cumpriu pena por "actividades subversivas pró-comunistas", dão uma carga estética à visão política do seu autor.
 
Mário Soares
 
Mário Alberto Nobre Lopes Soares nasceu em 1924. Oriundo de uma família com tradições políticas republicanas liberais, participou activamente, desde a juventude, em actividades políticas contra o Estado Novo, o que lhe acarretou a passagem pelas prisões da polícia política (PIDE) e o exílio, primeiro em S. Tomé e depois em França, onde o 25 de Abril de 1974 o encontraria.

Advogado, defendeu em tribunais plenários numerosos opositores do regime, tendo-se destacado como representante da família Delgado nas investigações sobre as circunstâncias e responsabilidades da morte do "General sem Medo". Oposicionista declarado, apresentou-se como candidato em actos eleitorais consentidos pelo regime, nunca sendo, obviamente, eleito.
Dirigente da Acção Socialista Portuguesa, é um dos fundadores do Partido Socialista (1973), de que será o primeiro secretário-geral.
Após o levantamento dos capitães em Abril de 1974, regressa prontamente a Portugal, ocupando a pasta dos Negócios Estrangeiros, passando a ser responsável pelo estabelecimento de relações diplomáticas com diversos países do mundo e pelas negociações que levariam à independência das colónias portuguesas.
 
 
 
 
publicado por Brito Ribeiro às 18:25
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